Uma parede. Era o
que lhe parecia aquele temporal, em meio à noite, enquanto viajava
de Vitória para Alfredo Chaves, onde iria apresentar amostras de
fertilizantes que representava naquela praça do Espírito
Santo. Perdera a conta de quantas vezes cruzara a região e das
condições adversas enfrentadas na estrada, com chuva e neblina.
Mas nada se comparava com aquele pé d'água, tornando mais
penosas as condições de visibilidade no escuro trecho da
estrada, que já em condições normais apresentava
pouco movimento.
Sobretudo antecipava
problemas com seu carro. Não pudera fazer a revisão, mais
uma vez adiada. Não quisera desperdiçar a primeira oportunidade
de apresentar os produtos para uma grande fazenda daquela vizinhança
da cidade. Na ansiedade do encontro com os administradores da fazenda
Estrela, concordara com a data do encontro, adiando assim o serviço
de manutenção. Justamente quando se dirigia para pernoitar
nas cercanias da cidade, justamente naquele dia, tinha de começar
uma nova edição do Dilúvio.
Imaginava que se o carro apresentasse qualquer problema poderia ficar
encalhado a noite inteira e sabe-se lá o quanto mais à espera
do primeiro veículo que lhe desse uma carona a um ponto qualquer
onde pudesse conseguir socorro de um mecânico.
Desconfiado de uma conspiração meteorológica prosseguia
na estrada o mais rápido possível, em meio à noite
turva da enxurrada.
Os clarões dos raios cegavam, por fugazes frações
de segundo, os faróis do carro. Gigantescas luzes néon tremelicando,
dia acendido em plena noite, antecedendo ao estrondo do trovão
e à vibração da terra.
E junto com o solo toda a estrutura do carro e do seu próprio ser
estremecem, deixando-o aterrado e maravilhado.
"claro claro
mais que claro
raro
o relâmpago clareia os continentes passados;"
Aqueles versos, lidos
em momento qualquer de sua vida, brincavam fragmentários na sua
recordação. Súbito, um baque surdo interno ao próprio
veículo. O motor, após um solavanco, estrebucha e pára.
Um fluxo gelado percorreu-lhe da base do cérebro até os
dedos do pé, provocando em sua passagem uma contração
no ventre e no músculo cardíaco. Aproveita a inércia
do carro e consegue chegar ao acostamento.
Constatou que nada no veículo respondia aos seus comandos: ignição,
faróis, luzes internas... Nenhum sinal de vida. Procurou no porta-luvas
uma lanterna. Sentiu-se profundamente desanimado em enfrentar a chuva
lá fora.
Esperaria um pouco no carro. Acendeu a lanterna e olhou o relógio:
23h.
Deixou-se ficar envolto na escuridão algum tempo. Percebeu que
os raios haviam parado seu bombardeio. A chuva, por fim, esmaecia. Animou-se
e voltou a experimentar a ignição. Sem nenhum motivo aparente,
da mesma maneira como parou, o carro voltou a funcionar.
- Malditas velas! Praguejou.
Rodou por mais alguns quilômetros, um pouco desorientado, até
chegar a uma bifurcação que se encaixava mais ou menos com
as indicações sobre o rumo que deveria tomar. A chuva praticamente
cessara e em seu lugar uma neblina começava a formar-se à
sua frente, adensando-se à medida que avançava. Enveredou
pelo nevoeiro, tragado em navegação cega.
Aos poucos, feito despertar de sono profundo, sua visão foi clareando
e a neblina desfazendo-se, enquanto o carro a cortava, como se esta fosse
imensa e tênue teia de aranha, de viscosa, enigmática e repugnante
substância e engenharia.
A vegetação do campo em volta tomara um outro contorno,
mais escassa e rasteira, como se preparada para o pasto. Ao longe um ponto
luminoso. Uma sensação de conforto invadiu-o quando considerou
que talvez já estivesse nos arredores da cidade, embora não
tivesse de fato idéia sobre o local no qual se encontrava. Contudo,
naquela altura, não se importava qual local fosse, queria simplesmente
encontrar alguém para pedir uma orientação. Enveredou
por uma bifurcação da estrada que o levaria até ao
ponto que avistara a luz, farol solitário, naquele mar-noite sem
estrelas.
A tocha elétrica toma forma: é uma antiga mansarda, imitando
estilo colonial, instalada em terreno plano, ao sopé de uma encosta,
ilha improvisada no meio de uma paragem desértica. Estava acostumado
a encontrar pequenas habitações miseráveis, quando
não taperas, mas aquele tipo de moradia mais estruturada nos arredores
das cidades da região, nunca. "O que fazia o raio da casa
em meio àquele nada?".
O prédio vai crescendo, parecia-lhe que ele em seu carro estava
imóvel, enquanto a própria construção ganha
movimento, vindo ao seu encontro. Algo semelhante ao que acontece em uma
estação de trem, quando em determinado instante perdemos
a noção exata de qual corpo na verdade se move: se a composição
ou a plataforma, que ganha velocidade deixando-nos para trás.
Estacionou a poucos metros, após ultrapassar uma porteira aberta.
Embora as luzes estivessem acesas, não percebia qualquer movimentação
no interior: uma edificação sólida, grande, centrada
no terreno aplainado, construída em pedra e madeira - talvez fosse
muito antiga e tivesse sido reformada, especulou.
De qualquer forma encontrar um ponto de referência qualquer lhe
deu algum conforto, mas não estava de todo tranqüilo: que
tipo de pessoas morava naquele ermo? E se não tolerassem estranhos?
Ou, pior, tivessem escolhido aquele ponto remoto exatamente para ocultar
alguma atividade ilegal, que ele, inoportuna presença, estava exatamente
lá para testemunhar.
Tomado por sinistros pensamentos ponderou entre ir imediatamente embora
ou prosseguir. Vencendo a pessimista conjetura que lhe assaltava, tomou
coragem e gritou:
- Ô da casa...
Uma, duas, três vezes, com pequenos intervalos, repetiu o brado.
Sua voz, solitária, ecoando na noite, perdida, arrepiou-lhe. Concluiu
que, de fato, não havia ninguém. Melhor seguir carreira,
não devia de estar longe outro ponto no qual pudesse pegar orientação
ou até mesmo pernoitar. Já dava meia volta em direção
ao carro, quando um vulto surgiu à porta.
Não conseguia divisar mais do que a sua estatura alta e que gesticulava,
em convite para que entrasse. Timidamente, quase pé ante pé,
aproximou-se da porta, que se encontrava entreaberta, à sua espera.
Ao ultrapassar o batente não deixou de surpreender-se com o que
viu.
Em lugar de uma tradicional família ou de um bando armado, um grupo
de pessoas displicentemente espalhadas pela sala central, dividida em
dois ambientes: um dos quais com um grande sofá no qual um homem
gordo folheava uma revista, acolá alguém sentado em uma
cadeira com encosto ressonava com o jornal largado sobre as pernas; mais
adiante, na extensão da sala, sentadas em torno de uma mesa, três
pessoas jogavam cartas. Entre as duas dependências da sala, havia
um pequeno corredor no qual uma escada levava para um andar superior.
- Boa noite!
Interrompendo sua exploração do ambiente, o homem que convidou-o
para entrar, saudou-o. Era um tipo alto, um pouco robusto, cabelos grisalhos,
tez queimada do sol e rosto macilento, típico de pessoas cujo tamanho
excede a média.
Dono de sobrancelhas grossas e olhar que apresentava inquietante e objetivo
movimento de busca, o estranho dirigiu-lhe novamente a sua atenção.
- Espero que tenha feito boa viagem. Achamos que não viria mais
hoje.
Aquela repentina e inesperada intimidade causou-lhe um mal estar: do que
aquele homem falava afinal? Jamais o vira em toda a sua vida e já
desejava o mais ardentemente sumir de sua vista.
- Creio que está havendo um grande mal-entendido - protestou. Estou
aqui por um acaso, peguei um aguaceiro na estrada e depois um nevoeiro
que não permitia enxergar mais que um palmo diante do próprio
nariz, acho que me desviei e vim parar aqui.
- É claro. Desculpe-me o engano, pensei tratar-se de alguém
com reserva conosco. Somos uma pousada muito procurada. É comum
programarmos a hospedagem, para evitar imprevistos de lotação,
compreende?
Ainda que dizendo de uma forma extremamente educada, curvando-se servilmente
em desculpa e amabilidade, havia um certo acento de ironia e sarcasmo
em sua voz, cuja emissão tinha o registro monocórdico, ocluso
e grave. Talvez fosse o permanente e irritante sorriso que ele ostentava
nos lábios que acentuasse a má impressão, mas o fato
concreto é que o viajante antipatizara com o homem.
- Não faz mal. Estamos longe de Alfredo Chaves?
- Não, de fato não...
- Posso fazer um telefonema?
- Não, não pode. Quero dizer, a chuva, o senhor sabe...
Nosso telefone está totalmente mudo. Mas, se me permite uma sugestão,
porque não passa a noite aqui, durante o dia será mais fácil
prosseguir viagem, até mesmo porque nunca se sabe: um atoleiro,
uma árvore caída no caminho... Depois de uma reparadora
noite de sono tudo fica mais fácil.
Ainda que a contragosto considerou de bom senso o que aquele homem dizia.
Após pegar sua valise e pasta de catálogos no carro, voltou
para um novo enfrentamento com o hospedeiro ou coisa que o valesse.
- Tenho certeza de que o senhor irá apreciar imensamente, apesar
de sua breve passagem, a nossa hospitalidade. Nossos aposentos atendem
aos mais exigentes gostos e temos recebido muitos hóspedes ilustres.
Nossa cozinha típica é um motivo de orgulho, uma beleza!
Tenho certeza...
- Tenho certeza de que o senhor não irá se incomodar
se deixarmos nossa conversa para outra ocasião. Estou muito cansado
e tenso e amanhã bem cedo preciso estar preparado para uma importante
reunião de negócios.
- Me desculpe a insensibilidade, é claro. Por favor, queira assinar
o livro de registro de hóspedes.
Após a interrupção, o fulano calou-se, embora continuasse
perscrutando-o de forma rapínica, com o pescoço entortado,
enquanto o involuntário hóspede assinava seu nome no livro
de registro.
- É um prazer tê-lo como hóspede da Gaivota Azul!
Nome estranho para uma pousada, pensou o viajante. Mas não teve
tempo para qualquer outra consideração íntima, interrompido
em seu pensamento pelo anfitrião.
- Permita-me apresentar-me: Caronte, gerente e dono da pousada. Se o senhor
quiser comer alguma coisa após descansar um pouco basta solicitar
e providenciarei uma ceia. O senhor encontrará no quarto o necessário
para sua higiene pessoal.
Após dizer isto o gerente deu-lhe a chave do quarto 13 e sorriu
de forma algo sarcástica.
A mansarda tinha o pé direito alto, imponente, tão comum
nesses imensos casarios de fazenda, embora, possivelmente, tivesse sofrido
reformas para abrigar as dependências de hóspedes. O andar
superior apresentava duas alas espaçosas que concentravam os quartos
e eram povoadas por objetos com motivos marítimos: uma carranca,
remos, um leme; quadro com diversos tipos de nós de marinheiro;
uma âncora, redes de pesca e de dormir, além de telas retratando
navios e o mar, ocupavam as paredes que intercalavam os quartos e o saguão
que dividia as alas.
De toda a coleção, um quadro em especial chamou-lhe a atenção.
Deteve-se. Na pintura, um barco lotado, com seus ocupantes nus ou seminus.
Pareciam atormentados, tomados de profundo sofrimento, acotovelando-se.
Enquanto alguns apresentavam os braços estendidos em súplica,
outros estavam em ato de pular da embarcação; outros ainda
com os rostos cobertos com as mãos, em pranto. Na proa, uma figura
de aspecto tirânico e demoníaco, comandava a nau de almas
torturadas.
Libertando-se do magnetismo exercido pela pintura, dirigiu-se ao quarto.
Checou as instalações, desprovidas de luxo, de um estilo
severamente sóbrio. O cansaço, reforçado pelo momento
tenso que passara na estrada, fazia que desejasse apenas um banho.
O generoso e reconfortante contato com a água quase o fez esquecer
os aspectos singulares da viagem. Deixou-se levar pela sensação
de bem-estar, enquanto observava no piso a confusa dança e os arranjos
das formas assumidas pela água, imprecisos e fugazes.
A torrente lembrou-lhe por breve momento a chuva, mas principalmente concentrou-se
no caráter aleatório que regia o comportamento das pequenas
poças: seu rápido fim em curta corrida em direção
ao ralo ou a formação de uma nova peça daquele intrincado
e impreciso balé.
Deixou-se ficar em suspenso naquela paz de espírito um bom tempo
antes de romper com a bolha artificial de tranqüilidade e voltar
ao mundo daquele quarto de pousada, do seu encontro de vendas, do desvio
do caminho, daquele lugar e da desagradável sensação
que mantinha em relação ao ambiente e à circunstância.
Enquanto terminava de enxugar-se, sentado na cama alta do quarto, consultou
as horas. Constatou que seu relógio havia parado. Pela sua estimativa,
desde o momento em que parou na estrada, até chegar à pousada,
deveria ter passado quase duas horas. No entanto, os ponteiros insistiam
em permanecer estáticos em 23h.
Deitou por um breve momento e seu pensamento divagou. As formas irregulares
da toalha branca, amarfanhada sobre o leito, lembravam-lhe brumas, nuvens,
espumas de mar. Um leve torpor embalou seu corpo.
Acompanha o balanço suave, enquanto observa as águas escuras
e encapeladas que avista de uma das muradas do barco. O balanço
torna-se mais forte. A embarcação joga em um subir e descer
mais rápido, enquanto o vento úmido molha seu rosto.
O encontro, as peças de catálogo, tinha pressa de chegar.
Avista à distância uma ponta de terra, para onde o barco
dirige-se. Ao descer divisa uma casa: a pousada Gaivota Azul.
Ao longe vê Caronte acenando. Quer afastar-se. Ouve um rosnado,
volta-se e percebe em seu encalço um enorme cão negro. O
animal possui três cabeças. Mais do que depressa começa
a correr. Tropeça e cai. Levanta-se. O cão aproxima-se.
Redobra sua carreira pela planície, empregando o máximo
de suas forças. O campo está molhado, cheio de imensos charcos.
Suas pernas pesam. O cão cada vez mais perto: um bote...
Levantou-se sobressaltado, o corpo banhado em suor. Estava vestido exatamente
como chegara à pousada. Lá fora, distante, escuta latidos.
O cansaço o derrubara, sonhara tudo. Respirou fundo e passou as
mãos sobre o rosto umedecido. Senta-se e encontra ao seu lado uma
toalha usada. Em sua mente está vívida a imagem do chuveiro.
Ainda no estado de perturbação do pós-despertar,
decide tirar a roupa.
Ao abaixar-se, para desamarrar seu sapato, verifica que as pernas da calça
e os calçados estavam cheios de lama, embora ao entrar na casa
não tivesse passado por nenhum lodaçal. Por força
do hábito, esquecido da súbita suspensão do tempo
nas engrenagens do relógio, inclina o braço esquerdo e busca
em seu pulso um parâmetro de realidade. As estáticas 23h
parecem zombar de qualquer princípio de coerência.
Uma chuva torrencial, súbita, alcança a pousada. Tateou
no escuro em busca do interruptor, tropeça em algo, é a
sua lanterna. Clarões. Cambaleia, enquanto tenta chegar à
porta do quarto. Alcança a maçaneta, que está emperrada.
Força-a utilizando o máximo de sua energia.
Agora, no corredor, anda desorientado, trôpego, como impelido de
um lado a outro por violento balanço, sem conseguir identificar
a fonte da instabilidade: se o ambiente ou ele mesmo, expropriado do controle
de seu corpo. Anda desorientado. Escuta o som da chuva lá fora,
que aumenta ainda mais de intensidade. Sua cabeça gira e gira e
gira...
Continua vagando pelo corredor a procura da escada que o levara ao piso
superior. Nada mais lhe parece igual ao que encontrara antes. Desaparecera
a exposição de objetos. As paredes parecem-lhe mais próximas
e o teto mais baixo.
Por uma pequena janela, antes inexistente, chega-lhe a luz trêmula
do relampejar. Em cada flash imagens, em andamento descontínuo,
estroboscópico, se atropelam em sua mente. Visualiza a estrada,
enquanto dirigia velozmente em direção ao destino de pernoite,
antes de chegar, pela manhã, à fazenda Estrela. Uma curva
rápida, um violento rodopio, seu carro cambalhota até parar
semidestruído em um barranco.
A escada que o levara até o patamar elevado da casa, encontra-se
lá, porém invertera sua direção, em vez de
descer, sobe, conduzindo-o até o tombadilho de uma embarcação,
onde encontra sentados homens e mulheres, velhos e velhas e crianças.
Uns murmuram frases inaudíveis, outros sentados, quietos, olhos
estáticos, indiferentes à chuva fria e cortante.
Tenta conversar com as pessoas, seus lábios se movem, mas não
emitem som algum. Percebe-se então nu, como os demais. Na proa,
Caronte comanda o barco, gargalhando sarcasticamente um riso desprovido
de som.
No entanto, sem conseguir identificar de onde venham, lhe chegam vozes
apreensivas, tensas, articuladas em frases secas. Sente como se mãos
invisíveis o agarrassem. Quer gritar, contudo sua voz não
sai, parece sufocar...
Um clarão mais intenso deixa-o cego e muito lentamente em suas
retinas qualquer registro de luminosidade vai desaparecendo, as vozes
diminuindo, o rodopio se amainando...
A descarga elétrica do desfibrilador cardíaco contraiu pela
última vez o corpo inerte. Inútil. Os paramédicos
sinalizam ao motorista que haviam perdido a batalha para salvar a vida
do acidentado. Caronte desligou a sirene e reduziu drasticamente a velocidade.
No relógio 23h. Aquela noite prometia...
O
PAPO DO LUÍS
Aos
catorze anos de idade, Luiz Fernando Santos fugiu de casa com uma cigana
e passou os próximos anos trabalhando como engolidor de fogo num
circo em Bucareste. Ao atingir a maioridade, matriculou-se na Universidade
de Oxford, na Inglaterra - de onde infelizmente acabou sendo expulso, acusado
de venda clandestina de sanduíches de mortadela. Depois desse episódio,
Luiz Fernando, já então com seus vinte e tantos anos, voltou
à sua terra natal. Foi trabalhar na contabilidade de um conhecido
empresário progressista, um tal de PC Farias. Mais tarde, Luiz tornou-se jornalista especializado em informática
e foi convidado a colaborar com a Escrevinhadora. Aceitou o convite. Mas
como esqueceu de enviar sua biografia à responsável pela página,
a mesma foi obrigada a inventar todos os dados do parágrafo anterior.
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