4O
PROFESSOR ALOPRADO
"Posso pegar no seu peito?" ele perguntava, com os
olhos baixos. Falava como se pedisse para passar o sal. Sempre muito educado.
Nunca olhava na minha cara. Íamos pra cama e ele andava pelado na
minha frente, trepávamos e ele continuava falando sempre no mesmo
tom, com voz abafada e dicção perfeita. Podia estar defendendo
uma tese. Evitava intimidades, quer dizer, podia estar com o pau enfiado
em mim mas sempre evitava intimidades. Eu sabia vagamente que tinha mulher
e filha em algum lugar, mas nunca falava delas. Aliás nunca falava
de coisa nenhuma, a não ser da sua especialidade, semiótica
- um troço que quando entrei na faculdade, com dezessete anos, achava
que era alguma sacanagem. O que é normal porque nessa época
da vida a gente só pensa em sacanagem.
Estou escrevendo tudo isso para fazer uma homenagem a esse professor. Uma
homenagem, aliás, bem mais sincera do que aquelas pinturas de guache
horrorosas que a gente fazia na escola, no Dia do Professor. Hoje até
já esqueci o nome daquele bando de chatinhas que insistiam em me
ensinar tudo sobre os vertebrados ou o pronome oblíquo. Mas lembro
com carinho deste professor, que me ensinou coisas bem mais importantes
e interessantes, embora... como direi? extracurriculares.
E antes que comecem a a acusá-lo de falta de ética, ele nem
era meu professor: ensinava em outro departamento. De vez em quando, só
pra aloprar, eu ia assistir uma aula na sua classe. Sentava na primeira
fila de minissaia com as coxas à mostra. Perdeu logo a graça
porque ele mal me dava um olhar, digamos, perfunctório (aprendi essa
palavra há muitos anos e só agora encontrei uma chance de
usá-la). Seria até excitante se ele fingisse não me
conhecer, mas não. O seu olhar perfunctório (vá procurar
no dicionário!) reconhecia que eu estava ali, sim, mas e daí?
Ele dava a aula inteirinha sem olhar para os alunos.
Mas voltando à homenagem. Esse professor foi a melhor trepada da
minha vida. Passamos um ano trepando em hoteizinhos mixurucas e lá
fora ele nem me dizia oi. Por algum motivo aquilo, mais toda a pantomina
do posso pegar no seu peito, posso enfiar a mão aqui e ali etc me
deixava MUITO excitada.
Na verdade, a história toda me deixava excitada. Ninguém sabia
do meu caso com o professor. NINGUÉM! Sabe lá o que é
ter um caso cem por cento secreto, que você não comenta com
ninguém, não fala nem pra sua melhor amiga, senão ela
ia achar que você está louca e te mandar pro hospício?
O quê? Se ele contava pros amigos? 'Magina. Ele não tinha amigos.
Até os outros professores achavam ele esquisito Era do tipo que não
puxa conversa com ninguém, usa óculos enormes de aros metálicos
e abotoa a camisa até o último botão. Ouvi dizer que
era ex-seminarista.
Isso também, nem preciso dizer, me deixou excitada.
Eu estava namorando um cara normal, bonito, com duas pernas, dois braços,
que não usava óculos e tinha umas camisas bacaninhas. Ele
era artista plástico e todo mundo o achava simpático. Namorava
ele no dia-a-dia e uma vez por semana (ou mais) me esgueirava praqueles
hoteizinhos sórdidos, feito um animal rastejante, para trepar com
o professor esquisito, que não dizia uma palavra enquanto me comia.
Em vez disso grunhia. Eu adorava os grunhidos também.
E depois, nada. Nem acendia um cigarro. Não perguntava "foi
bom, meu bem?". Necas de pitibiriba. Em vez disso, fazia uma coisa
genial: vestia a camisa, abotoava até o último botão
e ficava de costas na cama, olhando o teto, com todo o resto à mostra.
Eu tirava da bolsa um baseado, acendia, oferecia, ele recusava. E depois,
invariavelmente, trepávamos de novo.
4O
ATOR GAY
Eu já era jornalista há muitos anos quando me botaram na
seção de Cultura. Aconteceu por acaso, alguém adoeceu
e tive de substituir; depois essa pessoa tinha Aids e nunca mais voltou
pro jornal. Eu não entendia nada de Cultura - pra falar a verdade
achava um saco. Mas muita gente ficou com inveja porque todo mundo quer
ficar nessa editoria, onde você ganha ingressos, convites para as
melhores festas e os artistas te puxam o saco.
Um dia o editor me mandou entrevistar um ator que estava na crista da
onda. O cara era tudo: talentoso, bonito, fazia teatro e tinha sido escalado
pra novela das oito. Fui pro apartamento dele com a minha melhor cara
de paisagem, sem ter a mínima idéia de quem era o cara,
porque não tive tempo de passar no arquivo do jornal e fazer uma
pesquisa. O ator morava num apartamento todo bacaninha e logo percebi
que ele era gay. Não só estava óbvio como o namorado
dele também estava lá, com uma puta cara de bravo, fazendo
o almoço.
Logo percebi que se bancasse a engraçadinha levava uma frigideira
nas idéias. Meu, o cara estava irado. Sei lá, acho que já
tinham mandado um monte de repórter ninfomaníaca entrevistar
o namorado dele. Fiquei na minha porque em primeiro lugar eu sou profissional
e em segundo e mais importante o ator não fazia o meu tipo (o fato
de ser gay vinha em terceiro lugar, e eu nem considerava tão importante).
Bom, entrevistei o ator, dei um monte de mancadas mas ele não pareceu
se importar. O namorado dele também foi amansando, baixou a frigideira,
veio me mostrar uns desenhos, o cara era.... como chama? Ah, sei lá,
ele fazia cenários. Aí o telefone toca e o ator gay passa
um tempão falando baixo, volta de cara fechada e me pergunta:
- E aí, quer ir numa festa com a gente?
Isso já eram umas oito horas, eu só tinha que entregar a
matéria no dia seguinte. Olhei pro namorado dele meio receosa,
mas o cara estava na boa, então fui pra tal festa. Que aliás
estava bem legal só que eu não conhecia ninguém e
então passei a noite toda encostada na parede bebendo um uísque
e fingindo que era intelectual. Logo eu estava de porre e o cara perguntou
se eu não queria ir pra casa dele. Isso mesmo: o ator gay me convidou
pra ir pra casa dele, e de um jeito assim que levantou completamente a
minha bola. Porra, eu pensei, quem sabe ele é heterossexual enrustido.
- Não sei, preciso voltar, já está tarde...
- Eu tenho um pó ótimo lá em casa.
Isso me decidiu. Isso e o fato do tal namorado ter sumido, sei lá
o que aconteceu com ele. Então saí da festa com o ator gay,
e todas as mulheres do pedaço morrendo de inveja de mim.
4UMA
EPOPÉIA DO CHIFRE
Num outro pedaço da minha movimentada biografia, eu me casei.
Casei inclusive na igreja, e já que estava lá dentro, minha
mãe fez a palhaçada completa, encomendou véu e grinalda.
Eu deixei rolar, por mim tudo bem.
A gente namorava há anos e ele nunca tinha me dado problema. Aí
é o seguinte: assim que a gente casou, ele começou a me
trair. Não sei o que deu nele. Traía escancaradamente, nem
se dava ao trabalho de disfarçar. Quer dizer, até disfarçava,
mas disfarçava muito mal.
Transou com amigas minhas, transou com a empregada, transou com colegas
de trabalho, transou com uma prima dele, transou com a MINHA IRMÃ!
Bem Nelson Rodrigues. Eu não entendia o que estava acontecendo.
Mas vou contar uma coisa: chifre dói.
Você vai dizer que eu não tinha moral pra achar ruim, inda
mais depois da história do professor aloprado, que me comia enquanto
eu estava namorando o artista plástico. Mas é diferente.
Em primeiro lugar o professor aloprado era um gênio do sexo. Vai
me dizer que toda aquela mulherada eram gênias do sexo? MINHA IRMÃ
com certeza não era! Principalmente considerando a pouca experiência.
Pouquíssima.
E além disso o professor aloprado era um só.
Alguém perguntará porque não fiz nada, e eu respondo:
estava sem ação. Eu sei, parece desculpa de bunda-mole,
mas honestamente não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Casamos, e em duas semanas ele vira o Tarado do Pedaço. Duas semanas!
Eu descobria, fazia um escândalo, e aí ele jurava se emendar.
Todo contrito. Às vezes até chorava.
Mas o que me deixava possessa, com vontade de matar ele, nem era a traição.
Era o brilho do olho dele, cada vez que admitia mais um, hã, deslize.
Um segundo antes de cair em prantos, o olhinho brilhava. Pim! Que nojo.
Que ódio. No fundo ele estava orgulhoso das suas proezas.
Cara, ele comeu MINHA IRMÃ.
4O
PROFESSOR ALOPRADO
Continuando a história do professor: tudo que os outros homens
me pediam com muita psicologia e luvas de pelica, ele mandava ver sem
grandes explicações. Quando eu via já estava fazendo.
E fazendo. E fazendo.
E depois tchau, põe a roupa e cada um pro seu lado.
Era só sexo, eu sabia. Mas aos poucos fui ficando obcecada. Era
só sexo, mas rompi meu namoro para ficar com ele quando quisesse,
sem nenhum problema. Era só sexo, mas fiquei de DP em várias
matérias porque só pensava nele e ficava perseguindo-o de
aula em aula, obcecada com seus óculos enormes, seu ar de padre
frustrado, seus grunhidos etc.
É claro que chegou o dia em que ele enjoou, sumiu, parou de me
ligar para marcar os tais encontros furtivos. Então o persegui
de verdade: ligava pra sua casa, botava um guardanapo na frente da boca
e dizia horrores para a mulher dele, que ameaçava chamar a polícia.
Devo ter causado um problemão para o professor aloprado.
Uma noite pulei na frente dele, quando saía da última aula
do curso noturno. Tudo deserto e fechado no campus, e eu ali, me comportando
feito assaltante. Se ele fosse uma pessoa normal teria ficado assustado.
Em vez disso, perguntou o que eu queria e eu respondi. Ele então
me arrastou para um cantinho escuro daquela instituição
de ensino e me obrigou a uma prática sexual que me deixou com os
joelhos doloridos e um gosto metálico na boca. (Estou dizendo "me
obrigou" só pra ficar mais pervertido. Na verdade eu adorei).
Bom, depois que terminamos o ato ele fechou o zíper e falou daquele
seu jeito de sempre, olhando pro lado:
- Acho melhor você não me procurar mais.
- Por quê?
- Você me dá medo.
- Como?
- Acho que devia fazer um tratamento.
Ele ia embora, mas naquele exato momento caiu uma tempestade. Um toró,
como dizia minha mãe. Ficamos os dois ali espremidos no cantinho,
sem olhar um pra cara do outro, muito constrangidos. Até que explodi:
- Eu devia fazer tratamento?
- Você é mentalmente perturbada.
- Você é que é.
- Não é normal alguém querer sexo o tempo todo -
disse ele, olhando a tempestade que caía.
Mandei ele à merda, saí dali e fui andando, no escuro, até
a saída do campus, onde cheguei completamente encharcada. Depois
peguei o ônibus, ainda pingando. Fui para casa e passei um ano em
abstinência sexual, só para provar que não era ninfomaníaca.
Meu único relacionamento significativo, naquela época, era
com o meu dedo.
4O
ATOR GAY
Continuando a história do ator gay. Aí ele me levou pra
casa dele. Chegou, ligou o som e me serviu uma carreira, que espalhou
em cima da mesa. Antes que eu começasse a cheirar chegou o namorado,
que puxou o cara para um canto e ficou conferenciando com ele em voz baixa.
De novo.
Já que eles não estavam mesmo prestando atenção,
cheirei a minha carreira e a do ator. Rá! Depois fui ao banheiro.
Fiz xixi, subi os meus jeans, dei a descarga, e aí comecei a ouvir
ruídos do lado de fora. Ruídos de sexo.
Era só o que me faltava - pensei. Tampei a privada, sentei e fiquei
esperando os dois terminarem, ligadíssima. Abri o armário
e vi todos os remédios que o ator lindo e seu companheiro tomavam.
Cheirei os perfumes, enfim, essas intimidades todas que a gente xereta
quando vai ao banheiro de alguém.
Talvez pudesse colocar na minha matéria que o ator lindo estava
fazendo tratamento contra micose.
Estava tão entretida naquilo que só depois de muito tempo
percebi que os ruídos tinham parado. Abri timidamente uma fresta
da porta do banheiro. O ator estava de pé, sozinho, completamente
vestido, colocando um CD para tocar no som. Estranho, não tinha
cara de quem acabava de trepar.
- Oi.
- Oi. Você ainda estava aí?
- Já estou indo embora.
- Não, que é isso, fica aí.
O convite parecia sincero e eu estava me divertindo, então me aboletei
no sofá.
- Cadê o Fulaninho? (namorado dele)
- Foi dormir.
- Ahn.
- Hoje estou muito mal - anunciou ele, com um ar solene.
- Não diga.
Eu esperava, sei lá, uma exposição de problemas existenciais.
Ou profissionais. Quem sabe ele estava em conflito por ir trabalhar na
novela das oito fazendo um mocinho babaca. Ouvi dizer que às vezes
essas coisas acontecem... Quer dizer, nunca vi pessoalmente, mas parece
que acontecem.
Mas ele me surpreendeu dizendo:
- Meu irmão sofreu um acidente de carro e está na UTI.
- Ah. Que pena.
- Faz dez anos que eu não vejo meu irmão - ele estava à
beira das lágrimas.
- Por quê?
Fiz a pergunta sem pensar, e depois me achei intrometida. Briga de família,
sabe como é, ninguém gosta de comentar. E de fato ele ficou
vermelho, sem-graça, mas acabou respondendo:
- Nós tivemos uma discussão feia. Mas eu gosto dele.
- Claro.
- Se ele morrer, vou ficar arrasado.
- Não, que é isso, ele vai se salvar.
- A gente era muito ligado - disse o ator. - Ligadíssimo.
Dava pra ver que ele estava perfeitamente sóbrio. Aliás,
na festa, não tinha bebido uma gota, nem cheirado, nada. E a carreira
dele eu tinha traçado.
- Entendo.
- Quando a gente tinha doze, catorze anos, a gente trepava.
Quase caí das pernas. Trepava com o irmão?
- Você quer dizer... hum... é... faziam umas brincadeiras,
é isso? - até pegar no pinto eu estava disposta a aceitar.
- Não, trepava mesmo.
Fiquei olhando pra ele estarrecida.
- Você acha isso muito estranho? - disse ele, e começou a
chorar. Tirei da bolsa um lencinho de papel e ofereci. - Hoje meu irmão
é casado, tem filhos... - disse ele, limpando as lágrimas.
- Sei.
- Você acha que a gente era doente, pervertido?
- Não! - disse eu, enérgica. - Acho completamente normal.
- Normal?
- É da idade. Adolescência.
- É mesmo, quando passou a adolescência nunca mais aconteceu.
- Pensou um pouco, parecia aliviado. - E hoje em dia meu irmão
me odeia.
- Então.
- Coisa da idade.
- Pois é.
- Você também transava com sua irmã, na adolescência?
Abri a boca para soltar um ruído indignado. Mas a cara dele era
tão triste e ansiosa que em vez disso falei:
- Claro que sim!
- Transava mesmo?
- Todas as noites!
4UMA
EPOPÉIA DO CHIFRE
O que nos leva de volta a história do meu ex-marido, que efetivamente
comeu a MINHA IRMÃ.
Foi a gota d'água. Nesse momento eu recobrei a dignidade e a vergonha
na cara. MINHA IRMÃ, não. Não era só o parentesco
que me irritava, mas o fato de que ela era - é - uma baranga. Meu
marido me trocava por qualquer baranga que desse em cima dele.
Sim, porque eu tenho certeza que ela deu em cima dele. Fez de propósito.
Desde criança que me odeia.
Pedi o divórcio e ele disse que não podia viver sem mim.
- Então morra - eu disse, e saí do apartamento com todas
as minhas coisas. Só depois me lembrei que o apartamento era do
meu pai. Fui pra casa dele e ouvi duas horas de sermão sobre a
estabilidade do casamento (meu pai já estava na quarta mulher,
a essa altura).
Muito humilhada, fui dormir no quarto de hóspedes. No meio da noite
meu pai me acordou.
- Seu marido está aí.
- Mas são quatro horas da madrugada!
- Eu acho que vocês deviam conversar. (Imagine se ele soubesse do
caso do meu marido com a sua outra filha, MINHA IRMÃ!)
Saí da cama e fui falar com o imbecil. Ele estava usando a camisa
que eu tinha dado no aniversário. Quando vi ele, abri o berreiro.
- Eu te amo, não posso viver sem você.
Isso foi ele quem disse.
- Mas não dá pra gente viver junto - solucei, enquanto ele
me abraçava - Você me chifrou com tudo quanto é mulher,
até com a....
- Psiu! - disse ele nervoso, olhando em volta.
- Perdi a conta de quantas vezes você me traiu.
Foi aí que ele sentou comigo no sofá, pegou na minha mão
e começou a falar, todo razoável. Reconheceu que tinha me
traído (também só faltava negar). Várias vezes.
Entendia que eu tivesse me magoado. Mas fora impossível evitar!
Ele não podia se conter. Não tinha nascido para ser fiel.
- Seu escroto.
- Mas eu te amo mesmo assim.
Então era o seguinte. Já que ele, por um lado, não
podia renunciar às outras mulheres; e, por outro lado, não
vivia sem mim - ele propunha uma relação aberta.
- Relação aberta?
Isso mesmo, eu não precisava ficar brava. Havia casais que adotavam
essa idéia, essa proposta. Um relacionamento aberto e sincero.
Eu podia ter meus casos, ele podia ter os dele, desde que não tivessem
nenhum significado afetivo,. Por que a idéia de posse é
que estraga todas as relações, entende? A posse de uma pessoa,
como se ela fosse um objeto! Um troço horroroso, capitalista, errado.
Não vou dizer que fiquei totalmente indignada com a proposta, até
me pareceu interessante. Principalmente quando pensei na lista de todos
os caras gostosinhos com quem eu treparia só pra me vingar dele.
Aliás, o IRMÃO DELE estava no topo da lista. Me imaginei
chegando em casa e dizendo: "Querido, sabe pra quem eu dei hoje?
Pro Marcelo! Não é legal?" Imaginava ele babando de
ódio, mas sem poder dizer uma palavra; afinal, relacionamento aberto
é pra essas coisas. E já estava quase abrindo a boca para
aceitar quando ele estragou tudo.
- E se você topar...
- Se eu topar o quê?
- Tem uma pessoa que eu queria que você conhecesse.
E foi explicando que a pessoa se chamava Vânia, era muito legal,
fazia mestrado com ele, era de Pernambuco, estava esperando no carro...
Quem sabe a gente não podia sair junto, curtir a madrugada e terminar
a noite num motel?
A próxima coisa de que me lembro é do meu pai me tirando
de cima do meu ex-marido, e perguntando se eu queria passar o resto da
vida na cadeia por causa daquele babaca.
4PÓS-ESCRITO
DA HISTÓRIA DO ATOR GAY
Outro dia encontrei o namorado do ator gay num barzinho da moda. Aliás,
ex-namorado. Foi logo me explicando que tinha largado o cara, que era
um safado, só lhe dera desgosto.
- Muito galinha?
- Até que não. Mas desleal. Mau-caráter. Quando está
na sua frente é um amor. No que você vira as costas, pumba!
te detona.
- Puxa.
- E outra. Maior fofoqueiro, língua de trapo. Lembra quando você
foi visitar a gente?
- Lembro.
- Assim que você saiu, ele veio me contar uma coisa super-íntima
de você. Um papo aí seu com a sua irmã....
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