Paulinho muitas vezes não
sabia os nomes das coisas, mas sentia.
Era uma tarde quente, a mãe como de costume foi buscá-lo
na escolinha. Quando ia atravessar a rua, encontrou uma menina. Não
sabia o porquê de seu pequeno e selvagem coração pulsar
mais forte e de um desejo súbito de ir ao encontro da garota.
O sinal estava fechado, ele largou a mão da mãe e se aproximou
da menina, que estava segurando a mão da mãe. Disse instintivamente:
"Quer ser minha amiga?". E deu uma bitoca na boca da menina.
Sentiu um gosto de doce: "Parece bala", pensou. Os lábios
da menina estavam melados de pirulito. Tinha comido na sobremesa depois
do lanche.
O sinal ficou verde, a mãe do Lúcio o pegou e brigou com
ele. Não podia largar sua mão, "poderia acontecer um
acidente". Mas no fundo estava emocionada com o filho: " Como
ele é carinhoso..."
A outra mãe não ligou muito, tinha pressa para preparar
um jantar gostoso. O marido ia chegar de viagem.
As duas crianças se olharam outra vez. Desejaram sem saber a razão
de se encontrarem outra vez.
Blog do Eduardo Oliva: http://dudu.oliva.blog.uol.com.br
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