Uma história de amor bem cabeluda

PELOS E UNHAS

Elas se conheceram quando os filhos brincavam no mesmo parquinho, na Pompéia.
Os anos foram passando, e a amizade de Dona Marta e Dona Amarílis só crescia As crianças se transformaram em adolescentes, depois em adultos, depois pais de família. O bairro mudou. Sobradinhos foram demolidos, dando lugar a prédios. O metrô chegou à Vila Madalena, e a velhice chegou para as duas: Dona Marta, alta e imponente, diretora de escola aposentada, sempre firme nas aulas de ioga; Dona Amarílis, baixinha, gorducha e dinâmica, síndica do seu prédio...
Juntas enterraram os maridos, com dois anos de diferença. Também, pudera: tinham se aposentado e passavam os dias assistindo TV, gemendo de preguiça se os convidavam a sair. Seu Alvo, marido de Dona Amarílis, foi primeiro: enfarto, um em casa e outro no hospital. O Dr. Roque conversava com o jornaleiro na esquina quando caiu duro: derrame. Ficaram as duas viúvas.
Inseparáveis, D. Amarílis e D. Marta freqüentavam o Clube da Terceira Idade do SESC. Viviam com a agenda cheia, passeavam, iam a bailes, conheciam um monte de gente. De vez em quando algum filho sugeria, de brincadeira, que se casassem de novo. As duas olhavam uma para a outra (as famílias eram amigas, faziam churrasco aos domingos) e riam, cúmplices:
- Marido, de novo? Deus me livre, hem, Martinha?
- Só se eu fosse louca...
E explicavam aos filhos que, em primeiro lugar, a probabilidade era remota. Remotíssima. O Clube da Terceira Idade era freqüentado por uma maioria absoluta do sexo frágil, aliás nem tão frágil assim, já que a maior parte era de viúvas... Homens morriam mais cedo. Quando aparecia um, era disputado a tapas. Principalmente como par de dança.
- Eu e Amarílis temos que dançar juntas, é uma tristeza...
E outra. Geralmente estavam os homens estavam em piores condições. Uns cacos!
- Pressão alta, diabetes, reumatismo...
- Sem falar na próstata - disse Dona Marta, com uma risadinha.
 - Ficam viúvos e querem  mulher pra cozinhar, lavar a roupa...
- Só faltava a gente arrumar um traste desses!
E quando conseguiam fisgar uma - não faltavam bobocas dispostas a casar - o que faziam? Esticavam a canela. Loguinho.
- Não duram nem dois anos. Morrem feito passarinhos. E a infeliz da mulher fica viúva de novo.
- Tem mulher lá no Clube que já enterrou três maridos, não é, Martinha?
- Não exagera, Amarílis. A Neide ficou viúva depois de quarenta anos de casada, casou de novo no Clube, e o Seu Carlinhos morreu. Agora está noiva de um gerente de banco aposentado...
- O Terêncio. Pé na cova.
- Ele só tem hipertensão.
- O médico disse pra Neide que ele não dura.
- Foi pra assustar. O homem só come torresmo, picanha gorda...
- E ela tem de cuidar dele feito criança.
- Casar de novo? Deus me livre.
- Eu também, Deus me livre todos os dias da minha vida.

Mas o Doutor Elpídio não era um caco velho.
Quando ele apareceu no Clube da Terceira Idade, as “moças” ficaram indóceis. Elegante, sempre impecável no seu terno e gravata, contrastava com o desleixo dos outros cavalheiros - que desfilavam  agasalhos de moleton,  ou exibiam as pernas finas e peladas em shorts largos.
Além disso era bem-apessoado. Distinto. Sorriso largo, com todos os dentes intactos. Cabelos, também aliás, e pretos, sem um fio grisalho! (Nota dissonante: dona Janete uma vez o pegou com a tesourinha aparando os pelos do nariz. )
Era paranaense de Cornélio Procópio. Ao vê-lo passar pelo salão, dançando tangos com agilidade, o impecável lencinho no bolso do terno, as senhoras do Clube suspiravam. Sim, pois há coisas na vida que não dependem apenas dos hormônios...
O recém-chegado logo fez amizade com Dona Amarílis e Dona Marta, que pertenciam à aristocracia do Clube. Eram senhoras de boa aparência e situação financeira, bem diferentes das  aposentadas de renda curta, com seus eternos vestidinhos estampados.
Advogado aposentado, o doutor Elpídio enviuvara há anos. Os filhos estavam crescidos. Entediado, resolveu partir para a cidade grande:
- Todo mundo me desencorajou - explicava, em seu português bem-cuidado. - Mas as senhoras entendem: chega uma idade na vida,  a pessoa tem que fazer alguma coisa diferente. Numa cidade pequena, a vida vira um tédio. Você acorda, se veste, vai para a praça, fica jogando conversa fora com o pessoal... Não há cinema, teatro, nenhum salão de baile. A pessoa não vive, vegeta. As senhoras não acham?
- Com certeza - entoavam Dona Marta e Dona Amarílis.
- Por isso vim terminar minha jornada aqui, na cidade grande...
- Que é isso, doutor Elpídio? O senhor ainda tem muita vida pela frente! - encorajava uma delas.
- Minha senhora, não me iludo...  Quantos anos me dá?
Dona Marta corava:
- Ora... Não sei...
- Pode arriscar. Se errar, prometo não me ofender.
- Uns sessenta... e poucos?
- Setenta primaveras, minha senhora! Completadas em novembro. - dizia o advogado, triunfante.
- Oh, doutor Elpídio! Não parece! Ele parece ter setenta anos, Amarílis?
- Se o senhor não contasse, nunca adivinhava - gorgeava a outra.
- Bondade das senhoras...
A essa altura os três viviam juntos, de cima para baixo em todas as excursões. Holambra. Serra do Mar. Paranapiacaba. Até ao Beto Carrero World o Clube os levou naquele ano. E em todas essas ocasiões o doutor Elpídio, Dona Amarílis e Dona Marta estavam juntos, num grupinho seleto - para despeito da turma de remela no olho e dentadura mal-ajustada.
O advogado trazia presentes para as duas: ramalhetes de flores, ingressos para peças e concertos... Tantas atenções e gentilezas suscitavam fofocas, é claro. Infelizemente, não existe ambiente livre dessa praga.
O doutor Elpídio alimentou os rumores num dia em que foram a um restaurante de Aldeia da Serra (preços especiais para terceira idade durante a semana). Todo mundo comeu, riu e conversou muito. Quando chegou a sobremesa, a conversa foi parar em casamento.
- Eu - disse Dona Violeta, ex-funcionária pública de nariz adunco - nunca mais me caso, graças a Deus. Não tenho idade para essas coisas.
Nem idade, nem pretendentes... - pensaram alguns circunstantes. A discussão pegou fogo. Prós e contras do casamento na terceira idade foram discutidos. Exemplos foram citados. O advogado, estendendo elegantemente o guardanapo sobre os joelhos, disse:
- Pois eu não tenho nada contra.
- O senhor se casaria de novo, Dr. Elpídio?  - perguntou uma viuvinha alegre de cabelo azul.
- Ora, minha senhora, o amor não tem idade. Ou a senhora acha que a paixão é um privilégio dos jovens?
- Não sei...  A gente fica velho e...
- Pois eu, apesar da minha idade, não desisti de encontrar minha alma gêmea - declarou o Dr. Elpídio, enfático. E com um sorriso insinuante: - Ora, aqui mesmo nesse recinto, não faltam candidatas...
Em meio ao alarido e às frases maliciosas, Dona Amarílis e Dona Marta baixaram os olhos, modestamente.

As fofocas ferviam. Não restava dúvida: o advogado tinha planos matrimoniais. E era um partidão, o doutor Elpídio! Morava numa casa espaçosa no Sumaré e tinha propriedades em Cornélio Procópio.
Mas qual das duas gentis senhoras seria escolhida?
Até bolão o pessoal do Clube fez. Metade apostava em  Dona Amarílis, a outra  metade em Dona Marta. A distribuição das apostas refletia a realidade: o Doutor Elpídio dedicava rigorosamente  a mesma atenção às duas. Se ia, por exemplo, a um concerto (gostava muito de música clássica, e suas amigas também fingiam adorar) convidava as duas a acompanhá-los, com direito a carro e motorista. Se levava uma caixa de bombons a Dona Amarílis, Dona Marta podia contar com uma caixa igual.
Elas, por sua vez, faziam por merecer tantas atenções. Dona Amarílis renovou o guarda-roupa, gastou um dinheirão. Dona Marta foi mais longe: aplicou Botox. O dia em que apareceu no Clube com a cara toda esticada, foi uma sensação. Houve quem disse que ela remoçara vinte anos; para outros, parecia uma boneca de borracha.
As relações das duas amigas esfriaram. Os churrascos dominicais rarearam. Quando se encontravam, era um festival de risinhos falsos.
- Marta, você parece uma moça! E os netinhos, como estão?
- Todos bem, obrigada. Lindo vestido o seu... não conhecia... Meio curto, né?
Dava pra sentir que a amizade não era mais sincera.

Meses se passaram nessa situação. Mas o doutor Elpídio só foi se decidir na excursão à Bertioga.
Foi uma festa, esse piquenique. Os organizadores do SESC, aqueles moços incansáveis,  avisaram com antecedência:
- Todo mundo leva maiô!
E todo mundo levou maiô. Menos o  doutor Elpídio.
- Tenho trauma de praia. As senhoras acreditam que uma vez quase morri afogado? Vou só para fazer companhia.
Como concessão ao evento, apareceu num elegante agasalho, camiseta Lacoste e óculos escuros. Passeou pela praia de braços dados com as duas amigas - Dona Marta resplandecente num modelo rosa-choque, Dona Amarílis exibindo as pernas roliças num maiô azul-escuro. Depois chegou a hora de ir ao restaurante, onde um maravilhoso camarão frito aguardava os excursionistas.
O sol estava a pino. As senhoras se adiantaram para se trocar no toalete. Dona Marta, menos ágil, ficou na rabeira. Notou que o Doutor Elpídio, com certeza incomodado pela areia da praia, tirava e sacudia tênis e meias. Ao se aproximar do advogado, não pode evitar uma exclamação de susto:
- Nossa, Elpídio! Como você é... peludo!
De fato, os pés do amigo apresentavam farta pelagem, lisa e espessa como a de um animal. Rapidamente o Doutor Elpídio recolocou os tênis e comentou, muito seco:
- Infelizmente, minha senhora, não podemos escolher a quantidade de pelos que temos no corpo.
- Elpídio, pelo amor de Deus, não se ofenda...
Mas ele já seguia em frente, empertigado, sem nem oferecer o braço. O almoço foi animado, mas Dona Marta viu que ele se sentou à parte com Amarílis - à qual dedicou todas as atenções. À tarde, quando os excursionistas estavam embarcando, o advogado disse:
- Bom, me despeço de vocês por aqui.
- Vai ficar, Elpídio?
- Hoje é sexta-feira; vou aproveitar a ocasião para tirar um feriado. Já reservei hotel.
Só na Imigrantes o pessoal descobriu que Dona Amarílis também não embarcara.
- Ela disse que ia aproveitar o feriado também. Ficou no hotel do doutor Elpídio - contou Dona Violeta, com um sorriso maldoso.
Até chegar a São Paulo, não se falou de outra coisa.

O Doutor Elpídio era homem de decisões rápidas. Quinze dias depois, convidou o Clube em peso à sua casa e anunciou o noivado com Dona Amarílis. “Encontrei minha alma gêmea”, explicou, triunfante, depois de um florido discurso de homenagem à noiva.
Dona Amarílis, linda num vestido de seda cor-de-goiaba, sorria e corava.  Dona Marta voltou para casa arrasada, no seu Golzinho.
Tinha certeza de que perdera a disputa por um só motivo: aquele desastrado comentário que fizera sobre os pelos do Doutor Elpídio. Meu Deus! Como pode um homem se ofender com tão pouco?
Claro, todo mundo tem um ponto sensível. Inadvertidamente, ela magoara Elpídio. Uma bobagem, pois quem não conhece um homem peludo? Ora, não existe coisa mais comum. O falecido pai de Dona Marta, por exemplo, tinha pelos abundantes no corpo todo. Se bem que... no pé... e tanto assim... era a primeira vez que via. Mas isso não queria dizer nada. Não falara por maldade. O advogado era uma sensitiva... Que azar, o seu!

O casamento foi marcado para dali a dois meses. “Na nossa idade, pra quê esperar?” raciocinava Dona Amarílis. Ia morar na casa do noivo, onde aliás não precisaria mover um dedo: ele tinha uma empregada eficientíssima, pau pra toda obra, sem falar no motorista e na faxineira.
As amigas de Amarílis babavam de inveja. Dona Marta, se babava, babava em casa. Nunca mais falou com Dona Amarílis.
Esta, por sua vez, sentia falta da amiga. Esperava sinceramente reatar a amizade. Porque, afinal, se conheciam há trinta anos! Pra quê aquela bobagem, agora: não atender nem o telefone, mandar dizer que não estava? No Clube a cumprimentava de longe... Era sua culpa se Elpídio a preferira?
Claro que estava feliz, mas a frieza de Marta lhe doía.
Os dias foram se passando, a data da cerimônia se aproximava. O filho de Elpídio mandou um telegrama gentilíssimo, parabenizando o casal e explicando que, por força de um importante compromisso profissional, não poderia comparecer. Dona Amarílis sentiu muito.
Sentiu mais ainda quando um dos filhos de Dona Marta lhe telefonou, muito sem graça, gaguejando, e explicou que a mãe não iria ao casamento. Tivera um ataque de reumatismo, estava de cama. Mas ele, sua mulher e seus filhos não faltariam. Dona Amarílis podia contar com eles.
A noiva agradeceu e colocou o fone no gancho, com o coração pesado. Marta podia pelo menos ter inventado uma desculpa melhor... A mulher nunca tivera reumatismo na vida.
- Está triste, minha flor? - dizia o Doutor Epídio. E beijava-lhe gentilmente as mãos; aquele homem era um sedutor. Um feiticeiro.
- Não é nada... Elpídio, você está cortando de novo as unhas?
O advogado lançou-lhe um olhar desconfiado:
- Estou sim. Por quê, algum problema?
Dona Amarílis demorou para responder. Estava olhando com atenção, pela primeira vez, as unhas do futuro marido. Eram duras, e mesmo cortadas rentes, pareciam recurvas. Tinham também uma cor meio escura, violácea...
- Às vezes tenho a impressão de que você corta todos os dias. E estão sempre crescendo...
- Não seja absurda, Amarílis - disse o noivo, aborrecido. - Fechou a tesourinha dentro de uma gaveta, com um tranco, e deu-lhe as costas.

Dona Marta não foi ao casamento, é verdade. Mas nem por isso deixou de se inteirar dos mínimos detalhes da cerimônia (Igreja da Cruz Torta), do bufê (um dos melhores da cidade), da festa (na casa do noivo, para mais de cem convidados) e é claro, do vestido da noiva (azul-marinho, sua cor de sorte). O Clube não falava de outra coisa. As mesmas senhoras que lhe contaram doo casamento  também a informaram que o casal partiria em lua-de-mel (Bariloche), uma semana depois da cerimônia, já que o Doutor Elpídio tinha alguns negócios a finalizar antes da viagem.
A amiga ouvia tudo serena, quase pensativa. Não comparecera à cerimônia para evitar constrangimentos.  Mas não sentia raiva da noiva. Com o passar do tempo, talvez a amizade voltasse... Afinal, Amarílis não fizera por maldade. E outra: talvez o casamento não fosse boa idéia para ela, Marta. Que marido agüentaria uma mulher ativa, sempre correndo de andar a andar, dirigindo consertos no edifício, cuidando da administração e ainda por cima dos netos?
No quinto dia após o casamento, foi dormir tranqüila, reconfortada com a perspectiva de voltar à velha amizade. Lá pelas duas da madrugada, acordou com o telefone tocando na sala. Levantou-se assustada, calçou os sapatos ainda tonta de sono e foi atender:
- Alô?
- Marta?
- Amarílis, é você?
- Sou eu, minha querida! Que bom que você ligou. Vamos fazer as pazes. O que passou passou, quero que você seja feliz...
- Marta, vou pedir o divórcio.
- Mas... por quê? Você acabou de casar!
- Não é possível viver com o Elpídio, Marta. Ele não é normal.
- Como assim?
- Você lembra da história da Janete? Que pegou ele aparando os pelos?
- Lembro.
- Pois é, Marta. Nunca vi tanto pelo num homem! E outra coisa: as unhas não páram de crescer.
- Escute, Amarílis. Não tome nenhuma decisão precipitada... Afinal, existem homens que são assim mesmo. Mais peludos.
- Ele está me dando medo, Marta.
- Mas que bobagem, amiga!
- Você acha mesmo que é bobagem?
- Claro que sim! Ora essa! Com medo do seu marido, só porque ele tem muito pelo! Largue dessas besteiras e vá dormir.

Dois dias depois, num noite de lua cheia e amarelada, a polícia encontrou Dona Amarílis morta. Tinha sido atropelada em frente à sua casa, ainda de camisola. Um automóvel a atingira em alta velocidade e a jogara do outro lado da rua.
- Um desses malucos que andam em alta velocidade de madrugada - resumiu o viúvo, desolado. - Precisamos de leis mais severas para o trânsito, meus senhores!
Os policiais concordavam. Mas o que a esposa do Dr. Elpídio estava fazendo na rua àquela hora da madrugada, vestida de camisola? E com aquela cara apavorada, ainda por cima? Parecia ter levado um bruta susto, antes de morrer!
- Minha esposa era sonâmbula - contou o advogado. - Me contou há alguns meses, quando começamos a namorar. Ela saiu pela janela do quarto - deixamos aberta, com o calor. Se pelo menos a casa não fosse térrea, teria se machucado, mas ainda estaria viva.... Pobre Amarílis!
- A porta da rua foi arrombada - informou um dos policiais, que vinha da casa do Dr. Elpídio.
- Fui eu - explicou ele - Fiquei fora até tarde, cuidando de uns negócios. Quando voltei, tinha esquecido a chave. Amarílis não respondia a campainha, fiquei alarmado...
O policial ainda resmungou alguma coisa sobre marcas de unhas na porta. Mas ninguém lhe deu atenção.

Dona Marta, quando soube da notícia, também estranhou. A amiga nunca fora sonâmbula!
Estava muito chocada. Chorou durante dias.

Seis meses depois, quando o Clube da Terceira Idade já se cansara de comentar a trágica morte de Dona Amarílis, estourou outra bomba: o Doutor Elpídio se casava novamente. A noiva, naturalmente, era a melhor amiga da falecida.
- Ele me consolou depois da tragédia - explicou o Doutor Elpídio, com lágrimas nos olhos, antes de convidar todos para a festa de casamento. Dona Marta, ao lado, sorria de orelha a orelha.  - É um anjo!
O presente de noivado de Dona Marta ao futuro marido foi uma tesourinha. De ouro. O Doutor Elpídio ficou encantado, e a partir daí levava-a sempre no bolso do terno. Quando o casal comparecia a algum evento, às vezes os presentes reparavam que a esposa o cutucava e dizia alguma coisa ao seu ouvido.
O advogado então se retirava, e ia cortar as unhas no banheiro.
Dona Marta e o Doutor Elpídio foram felizes para sempre.

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